
Arritmias Cardíacas: quando o ritmo passa a ser problema
EDIÇÃO 28
As arritmias cardíacas podem aparecer em qualquer momento da vida, desde a infância até em pacientes idosos. Cada faixa etária possui arritmias mais prevalentes - por exemplo, fibrilação atrial aumenta sua incidência com o aumento da idade. Histórico de arritmias prévias, cirurgias cardíacas, alterações de tireoide, hipertensão arterial, tabagismo, infarto, uso de drogas, ingesta de bebidas alcoólicas e sedentarismo são exemplos de fatores que podem gerar ou mesmo agravar as arritmias.
Os sintomas de um paciente que tem arritmia cardíaca podem ser variados, desde um paciente que não sente absolutamente nada, até cansaço para atividades físicas, sensação de disparos/aceleramento do coração, pulsações em região cervical, batimentos irregulares, dificuldade para dormir, dor no peito, sensação de sufocamento, desmaios e até mesmo, em casos de arritmias graves, morte súbita. Uma causa importante e que não deve ser deixada de lado é a síndrome da apneia do sono - condição em que ocorre obstrução durante das vias aéreas durante o sono, culminando com diminuição da concentração de oxigénio no sangue - que pode causar arritmias.
O coração é caracterizado pelo seu automatismo, isto é, sua habilidade de gerar estímulos elétricos que promovem a contração cardíaca e resultam em batimentos cardíacos. Existem células especializadas responsáveis por iniciar, conduzir e propagar esses estímulos elétricos. A frequência normal do coração situa-se entre 50 e 100 batimentos por minuto. Até este ponto, compreendemos que o coração tem a capacidade de gerar e propagar estímulos elétricos, culminando em pulsação, e que a frequência cardíaca varia entre 50 e 100 batimentos por minuto. Contudo, cabe esclarecer: o que é arritmia?
A arritmia cardíaca é uma condição caracterizada pela alteração do ritmo e/ou da velocidade das batidas cardíacas. Existem dois tipos principais de arritmias: aquelas em que a frequência cardíaca é superior a 100 ou inferior a 50 batimentos por minuto, e aquelas em que o ritmo cardíaco se torna irregular.
A condição em que a frequência cardíaca é inferior a 50 batimentos por minuto é conhecida como bradicardia, enquanto uma frequência acima de 100 batimentos por minuto é denomina-da taquicardia. As variações no ritmo cardíaco podem apresentar diferentes características, sendo classificadas de acordo com a origem do estímulo, sua propagação, e os mecanismos de início e término da arritmia.
Responsável técnico: Dr. Elinton Menegon CRM/SC 13651 |RQE 6811
O diagnóstico pode ser efetuado mediante consulta com um cardiologista, empregando-se uma história clínica minuciosa e um exame físico detalhado. Os exames complementares são importantes na elucidação etiológica da doença e para a classificação entre síndromes bradicárdicas, taquicárdicas ou alterações de ritmo. Exames de sangue, eletrocardiograma e radiografia de tórax são exemplos de exames que podem ser solicitados conforme a suspeita clínica. O Holter 24 horas pode ser essencial para o diagnóstico. Demais exames, como ecocar-diograma, ressonância magnética cardíaca ou estudo eletrofisiológico, podem ser necessários conforme a clínica do paciente
O tratamento da arritmia varia conforme o tipo, gravidade e comorbidades. Cuidar com alimentação, evitar tabagismo, etilismo, uso de drogas, atentar para qualidade e higiene do sono e realizar atividades físicas regulares - sempre com orientação - são exemplos de medidas simples e muito importantes para o controle e prevenção de doenças cardíacas e das arritmias.
Ainda, podemos utilizar medicações para controlar a velocidade e o ritmo cardíaco. Geral-mente, quando o coração está muito lento ou possui uma condição em que a ordem normal da origem e
propagação do estímulo elétrico é perdido - exemplo, bloqueio atrioventricular total - o paciente necessita realizar o implante de um equipamento chamado de marcapasso, o qual garante uma frequência cardíaca mínima necessária para viver. Outras arritmias, as mais graves, podem necessitar de outro dispositivo - o cardiodesfibrilador - um equipamento semelhante a um marcapasso, mas que possui a capacidade de gerar uma descarga elétrica - desfibrilação - caso surjam tipos específicos de arritmias. Outra opção, conforme o tipo de arritmia, é a ablação por cateter - onde é realizado o mapeamento cardíaco para se encontrar o foco da arritmia e, por meio de um pequeno cateter, realiza-se a ablação do foco dessa alteração.
As arritmias cardíacas representam um amplo espectro de alterações no ritmo cardíaco, desde quadros benignos até condições potencialmente fatais. O diagnóstico preciso, aliado a uma abordagem terapêutica individualizada, é essencial para o manejo adequado. Com o avanço das técnicas diagnósticas e terapêuticas, é possível proporcionar qualidade de vida e reduzir significativamente os riscos associados. A conscientização sobre os sintomas e a busca por avaliação médica precoce são fundamentais para a prevenção de complicações graves e para a promoção da saúde cardiovascular.


Luan Bernardi - Cardiologista
Especialista em Insuficiência Cardíaca
Avançada e Transplante Cardíaco
CRM-RS 46596 | RQE 42194/RS










