Disfagia: quando engolir se torna um problema
EDIÇÃO 27
4/10/20252 min read
Engolir é um ato que realizamos automaticamente todos os dias. No entanto, quando essa função se torna difícil ou dolorosa, pode ser um sinal de disfagia, um sintoma que merece atenção. A disfagia se caracteriza pela dificuldade de engolir alimentos ou líquidos e pode afetar pessoas de qualquer idade, embora seja mais comum em idosos.
A disfagia pode ser dividida em dois tipos principais: orofaríngea e esofágica. A disfagia orofaríngea ocorre quando há dificuldade no início do processo de degluti-ção, geralmente associada a doenças neurológicas, como o acidente vascular cerebral (AVC), esclerose múltipla, doença de Parkinson e miastenia gravis. Já a disfagia esofágica está relacionada a problemas no esôfago, como estenoses (estreitamentos), refluxo gastroesofágico severo, esofagite, tumores esofágicos e distúrbios motores, como a acalasia.
Os sintomas mais comuns da disfagia incluem engasgos frequentes, sensação de alimento parado na garganta ou no peito, dor ao engolir (odinofagia), perda de peso inexplicável, regurgitação de alimentos e episódios de tosse ou pneumonia aspirativa.
Para investigar a disfagia, exames especializados são fundamentais. A endoscopia digestiva alta é um dos principais métodos diagnósticos, permitindo a avaliação direta do esôfago e a identificação de lesões, inflama-ções, estenoses e tumores. Durante o exame, também é possivel realizar biópsias para descartar doenças como o câncer esofágico e a esofagite eosinofilica.
Outro exame essencial é a manometria esofágica, que avalia a função dos músculos do esôfago. Esse exame é fundamental para diagnosticar distúrbios motores, como a acalasia, condição em que o esfincter esofágico inferior não relaxa adequadamente, dificultando a passagem do
alimento para o estômago. Além disso, a manometria auxilia na investigação de outras disfunções motoras, como o espasmo esofágico difuso e a esclerodermia esofágica.
Outros exames complementares incluem a videodeglu-tograma, que avalia a fase oral e da faringe durante a deglutição (ato de engolir) por meio de radiografias dinâmicas. O esofagograma baritado também pode fornecer informações sobre a anatomia e o funcionamento do esôfago.
O tratamento da disfagia depende da causa. Em casos leves, medidas simples como ajustes na alimentação, reeducação alimentar e acompanhamento com fonoaudiólogos podem ser suficientes. Em situações mais graves, pode ser necessário tratamento medicamentoso, dilatações endoscópicas para aliviar estenoses ou até procedimentos cirúrgicos, como a miotomia endoscópica peroral (POEM) para a acalasia.
A disfagia não deve ser ignorada, pois pode impactar significativamente a qualidade de vida e levar a complicações como desnutrição, desidratação e pneumonia aspirativa. Se você ou alguém próximo apresenta sintomas de dificuldade para engolir, procure um especialista para uma avaliação detalhada e inicie o tratamento mais adequado o quanto antes. O diagnóstico precoce é fundamental para garantir um manejo eficiente e melhorar a qualidade de vida do paciente.




BRUNO MARIANO SCHMIDT
Cirurgião do Aparelho Digestivo RQE 14529
Endoscopista RQE 15772


