Mitos e verdades sobre o colesterol

O colesterol é um assunto muito falado, mas também rodeado de confusão. Será que todo colesterol faz mal? E quem tem colesterol alto, sente algum sintoma? Vamos esclarecer alguns mitos e verdades para ajudar você a entender melhor.

EDIÇÃO 26

5/8/20244 min read

"Todo colesterol é ruim"

O colesterol é necessário para o nosso corpo, ajudando na produção de hormônios e vitamina D. O importante é saber que existem tipos diferentes de colesterol. O LDL é o "colesterol ruim", porque pode se acumular nas artérias e aumentar o risco de doenças cardíacas. Já o HDL é o "bom" colesterol, pois ajuda a remover o excesso de colesterol do sangue.

"O colesterol alto está associado a doenças do coração"

Níveis altos de colesterol, especialmente o LDL, podem aumentar o risco de problemas sérios, como infarto e AVC (derrame). Por isso, é importante controlar o colesterol para proteger o coração.

"Apenas pessoas com sobrepeso/obesidade têm colesterol alto"

Mesmo pessoas com peso normal podem ter colesterol alto, principalmente por causa de fatores genéticos. É por isso que todos, independentemente do peso, devem fazer exames regulares de colesterol.

"Dieta e exercícios físicos ajudam a controlar o colesterol"

Mudar o estilo de vida pode fazer muita diferença. Comer alimentos ricos em fibras, como frutas e vegetais, e evitar gorduras ruins ajuda a reduzir o colesterol ruim (LDL). Praticar exercícios, como caminhada ou corrida, também pode aumentar o colesterol bom (HDL) e proteger o coração.

"Colesterol alto sempre apresenta sintomas"

Esse é um dos maiores enganos. O colesterol alto geralmente não causa sintomas. Por isso, é chamado de "assassino silencioso". Muitas vezes, as pessoas só descobrem que têm colesterol alto depois de um problema grave, como um infarto.

"Estatinas são perigosas e têm muitos efeitos colaterais graves"

Nos últimos anos, as estatinas, amplamente usadas para reduzir o colesterol LDL, têm sido alvo de fake news, gerando medo sobre seus efeitos colaterais. Embora possam causar desconfortos leves, como dores musculares, efeitos graves são raros e a maioria das pessoas tolera bem o uso contínuo. Estudos comprovam que as estatinas reduzem significativamente (em torno de 50%) o risco de eventos cardiovasculares, como infarto e AVC. Esses medicamentos não apenas reduzem os níveis de LDL, mas também desempenham um papel importante na redução da inflamação vascular. É importante destacar que a divulgação de informações falsas sobre as estatinas pode levar pacientes a interromperem o tratamento sem orientação médica, colocando sua saúde em risco. A decisão de usar ou suspender as estatinas deve sempre ser feita em conjunto com o médico, considerando os fatores de risco individuais e os benefícios da terapia.

"Os valores de referência do colesterol são iguais para todos"

Cada pessoa tem uma meta de colesterol de acordo com seu risco para doenças do coração, sendo essencial personalizar o tratamento para garantir melhores resultados. Em pacientes de muito alto risco, como aqueles com histórico de infarto, AVC, recomenda-se metas de LDL mais rigorosas, frequentemente abaixo de 55 mg/dL. Já para pacientes de baixo risco, níveis de LDL abaixo de 130 mg/dL são considerados adequados. Isso mostra como é importante personalizar o tratamento para garantir a saúde do coração e minimizando os riscos de complicações.

"Medicamentos podem ser necessários, mas o estilo de vida saudável é essencial"

Em alguns casos, só mudar a alimentação e praticar exercícios não é suficiente. Nesses casos, medicamentos como as estatinas ajudam a controlar o colesterol. Mas, mesmo com remédios, manter uma alimentação saudável e fazer exercícios continua sendo importante.

Bernardo Boccalon

Cardiologista e Ecocardiografista - CRM 25201 / RQE 25462

Mestre em Cardiologia - UFRGS