Pré-eclâmpsia: diagnóstico precoce pode prevenir complicações durante a gravidez
EDIÇÃO 27
4/10/20254 min read
No mês passado, uma conhecida cantora anunciou a morte de sua filha, três dias após o nascimento. Na publicação feita em sua rede social, a artista compartilhou que ela deu à luz prematuramente pois sua gravidez foi marcada pelo diagnóstico da sindrome HELLP, provinda de um quadro de pré-eclâmpsia. "Fiz tudo, mas minha pré eclâmpsia foi muito precoce, extremamente rara e grave. O meu fígado começou a comprometer, os meus rins e o doppler da minha bebêzinha também. Mais um dia e eu não estaria aqui para contar nem a minha história nem a dela", escreveu a artista.
A síndrome HELLP é uma complicação do quadro de pré-eclâmpsia. A mulher grávida passa a sofrer a destruição prematura de seus glóbulos vermelhos, perda de uma grande quantidade de plaquetas e comprometimento do fígado, perdendo poste-normente o controle da coagulação, causando uma sindrome, chamada Coagulação Intravascular Disseminada (CVD) que causa a formação de trombos e sangramentos, tendo alto risco de óbito materno e fetal.
A síndrome de HELLP (Hemólise, Elevação de Enzimas Hepáticas e Baixa Contagem de Plaquetas) é uma complicação grave da pré-eclâmpsia, frequentemente de difícil diagnóstico inicial. Os sinais laboratoriais incluem destruição dos glóbulos vermelhos, disfunção hepática e trombocitopenia, aumentando o risco de hemorragias severas no parto. A paciente pode apresentar dor abdominal em quadrante superior direito, náuseas, vômitos, cefaleia e mal-estar generalizado. Em sua progressão, a síndrome pode levar a insuficiência hepática, coagulação intravascular disseminada e falência múltipla de órgãos.
A pré-eclâmpsia e a síndrome de HELLP são responsáveis por complicações materno-fetais graves, se relacionam a alterações vasculares na placenta e demandam um acompanhamento rigoroso durante o pré-natal e um diagnóstico precoce diminui o risco de complicações obstétricas.


Ultrassom Morfológico de 1° Trimestre, realizada de 11 a 14 semanas, é exame mais importante para avaliar o risco de pré-eclâmpsia no final da gestação e começar medidas precoces, evitando alterações e riscos materno-fetais, podendo detectar até casos de pré-eclampsia precoce. Serve para avaliar risco de síndromes genéticas (Síndrome de Down) também
O Ultrassom Morfológico de 2° Trimestre, realizado de 20 a 24 semanas, ainda pode ser útil para prevenir maior parte dos casos, mas já não conseguiria evitar uma pré-e-clampsia precoce.
A pré-eclâmpsia, por sua vez, é o aumento da pressãc arterial em uma mulher grávida, e o "pré" se refere à ela ocorrer por volta da 20ª semana da gravidez. Esta condição pode causar o desprendimento da placenta e, por conta disso, o bebê pode nascer de forma precoce. Ela ocorre em 5% das gestações em todo o mundo.
A forma precoce, manifestada antes das 34 semanas, está associada a um comprometimento placentário mais severo e uma maior chance de restrição de crescimento fetal, por perfusão placentária inadequada, fazendo o bebê não ganhar peso ou perder peso, aumentado o risco de descolamento prematuro da placenta e, em casos mais graves, evolução para eclâmpsia, caracterizada por convulsões maternas.



Exames para diagnóstico precoce
A prevenção dessas complicações inclui o uso de ácido acetilsalicilico (AAS) em doses baixas (das 15 semanas até as 35 semanas de gestação) para gestantes com fatores de alto risco, como hipertensão crônica, diabetes preexistente, obesidade e histórico de pré-eclâmpsia em gestações anteriores.
A suplementação de cálcio também é recomenda-da, assim como vitamina D. O ganho de peso adequado, o melhor controle pressórico, ótimo controle glicêmico se mãe diabética diminuem os riscOs.
A taxa de mortalidade materna e fetal decorrente da pré-eclâmpsia e da síndrome de HELLP reforça a necessidade de um pré-natal estruturado e de equipes médicas treinadas para reconhecer e manejar essas condições. O diagnóstico precoce, acompanhamento cuidadoso e a individualização do tratamento são fundamentais para reduzir complicações e garantir um melhor prognóstico para mãe e bebê.




Fatores de Riscos para Pré-Eclâmpsia devem ser melhor orientados, melhora do atendimento pré-natal e atendimento por médico especialista são fundamentais.
* Idade superior a 40 anos ou inferior a 18 anos
* Histórico familiar de pré-eclâmpsia
* Hipertensão crônica/Diabetes mellitus (pré-gestacional e gestacional)
* Gestação gemelar
* Obesidade
* Restrição de crescimento fetal, descolamento prematuro ou morte fetal em gravidez anterior
* Intervalo intergestacional prolongado (> 10 anos).
* Um curto intervalo entre gestações aumenta o risco de recorrência
* Fertilização in vitro
O diagnóstico precoce dessas condições é essencial para minimizar complicações. O rastreamento inclui monitoramento da pressão arterial, dosagem de proteínas urinárias e exames laboratoriais para avaliar função hepática e contagem plaquetária.
Além dos ultrassons morfológicos com doppler, já citados previamente.


Dr. Fernando Xavier Clavé
Ginecologista e Obstetra
CRM-SC 14.924 RQE 18.242




